A PALAVRA

Ás vezes procuro a palavra certa para começar uma frase. A palavra tem que ser aquela, não outra, senão a frase não sai como quero, e o texto fica sem sentido. Enquanto procuro essa palavra vou escrevendo a linha de pensamento até a encontrar. Ela está mesmo aqui, mas eu não a vejo.
Porque eu não escrevo poemas, nem reflexões, nem prosa erudita, nem tenho qualquer pretensão nesse sentido. Limito-me a escrever sem cuidado aquilo que me vai passando pela mente. É um desarticulado de palavras.
Não há palavra certa. Aquela que me surge será sempre a certa naquele momento. Se eu encontrasse a palavra certa seria um texto cuidado, mas não é. Apenas não tenho nada melhor para fazer e escrevo, porque não falo, porque falar sozinho dizem que será uma sintomatologia errante de uma qualquer patologia psíquica.
Quando estou acompanhado falo. Ouço durante horas e falo outras tantas. Gosto de comunicar, dá-me prazer, dá-me a conhecer outras formas de estar. E claro que também evoluo com isso, pelo menos faz-me ponderar as ideias pré-concebidas que guardamos para serem usadas de forma automática no estímulo oportuno.
Mesmo assim, continuarei a procurar a palavra.

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