A CHAVE QUE TRANCA A ARMADURA

Vieste, deleitosa, ao meu encontro no outro dia. Não te esperava, pelo menos sem preparar a indumentária certa. A beleza das tuas palavras era resplandecente como sempre, a tua atitude segura, e eu apenas podia esperar que o teu desejo fosse o singelo cumprimento de circunstância. Mas não, a nano ortodoxia das tuas palavras,  encerraram as portas do meu espaço. Pelo menos ali, naquele tempo e naquele espaço, não articulava qualquer capacidade de sentimento mais puro. Mais uma vez, a probidade imperou e as frestas paulatinamente abertas da minha viseira, voltaram a fechar naquele teatro. Tens a chave que só tranca a minha armadura, a frontalidade fria, a exposição, a palavra directa e dura. Um dia, quando eu próprio souber o segredo da sua abertura, dir-to-ei a pedido para que, sem cenários, possamos ser os actores principais deste teatro.

2 comentários:

linhaboémia disse...

saber é quantas personagens ela quer interpertar..(?)

Nuno Salvação disse...

Lanterna,

Creio que muitos de nós, senão todos, interpretamos diversos personagens...

Cumps,
Nuno