CONTRIÇÃO

Por detrás do arrependimento que julgavas ter lavado a culpa, mostras-te airosa e escondida. Escondida sim, porque não basta arrepender. Deves entender esse sentimento como um princípio para abanar atitudes mal ponderadas e tentar mitigar o dano, ao invés de assumires a conclusão feliz dos teus actos. E não sou eu que o digo. Diz-te o estado letárgico e surumbático que vês hoje retido e revelado no rosto dele, onde outrora encontravas côr e brilho. E não se trata de perdão, esse sentimento ele já o maneja e concede-to empiricamente pela tua simples existência. Trata-se do luto, do sentimento moido pela força e dor da palavra, porque quem domina essa arte, enverga uma das mais poderosas armas que fere mais contundentemente que qualquer outra. Não mais te arrependas. Suprime o acto e evita.

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