SILÊNCIO

No silêncio da noite, atiravas palavras soltas à página, na vã esperança de que elas se juntassem. Não precisa de ter lógica, basta que fique bonito, dizias tu entre dois golos de alcool quase puro que envergavas num copo de minuto a minuto. Mas sentias-te vazio, apático e sem tema para demonstrares aos outros o que acontecia em ti. Provavelmente a pressa e a falta de reflexão uniam-se para te esgotar os estímulos do que escreves. E assim sobra-te o silêncio. E as palavras atiradas para o papel. E no silêncio descobriste a melhor companhia que as tuas palavras poderiam ter, encontrando um espaço aberto para vaguear até se encontrarem umas às outras. Passaste a tomar o silêncio como um enorme campo onde se pode correr, rir, brincar, saltar, descansar e sentir a brisa da serenidade. Onde ninguém te julga, ninguém te observa, e onde podes reflectir para mais tarde escrever.

2 comentários:

Catarina Reis disse...

O silêncio é sem dúvida por vezes um grande amigo e um grande conselheiro, desde que não seja apenas e só isso, silêncio.
Bjs Catarina

Nuno Salvação disse...

Olá Catarina, obrigado pelo comentário.

Creio que por vezes o Silencio auxilia-nos a ponderar e a elaborar.
É esse o princípio desta prosa.

Bj,
Nuno