TRANSIÇÃO

Ele olhava e esperava. Ansiava e suspirava com qualquer ruido surdo que lhe ecoava no espirito. Ele não sabia a forma do que esperava, mas esperava ao lado do telefone sabendo que a qualquer momento, a vida como conhecia, mudaria para sempre.Ansiava tremendo , as pernas já não sustentavam o peso do sofrimento, do medo, da revolta, do obscuro e do sinistro, da vida sem ele. Sabia que a qualquer instante, teria a notícia da qual estava á espera, mas gostaria de adiar, de substituir pela eternidade. Não, não essa eternidade, essa já contava e certamente iria ser informado nos próximos minutos, mas a eternidade da relação física, sem ser obrigado apenas a recordar e a chorar a saudade, a falta, a perda. Ele ansiava, porque gostava de acabar depressa com o sofrimento da espera e da incerteza. Ele esperava porque nada mais podia fazer. Ele suspirava porque era o único reflexo que o seu corpo tinha o talento de produzir. Ele olhava para o telefone esperando a notícia da passagem do amigo para o mundo das recordações.

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