A PERDA DA CASCA DO CARACOL

Como é que um simples espelho pode ser tão contundente? Espelho que devolve palavras ditas quase ao acaso por quem olha para nós através de uma casca. Espelho na sombra, que à distancia mas tão perto predispôs-se a abraçar uma armadura. Será que sim? Será que a armadura é tão resistente como era suposto? As portas abrem-se, o caminho liberta-se, a mente descontrai e... é amargura, poeira, sentimento de si, dor, paixão, turbilhão, barulho, confusão, pedra no estômago, aperto, corpo dorido, livro aberto, canção de embalar... Cai a probidade, vai-se a pusilanimidade, a Ipseidade fica de lado e até a equanimidade é dificultada no âmago. Chorrilho de palavras soltas sem sentido, ditas estas sim ao acaso, por alguém que define defesa como fechadura.
Finalmente, ainda que não se saiba se é bom ou mau, alguém soube construir uma chave, ver através da viseira, olhar no espelho da alma e brincar lá dentro. Brincou como queria, saltou, falou, provocou, aninhou-se, revelou-se... e valha o facto de ter princípios de amizade e respeito.
É confuso, é divertido, invasivo e acolhedor, é vida e é morte, é caminho.

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