Na realidade a vida do caracol não era simples. Era decididamente complexa. A probidade que o enleava na sua espiral e mantinha a sua casca intacta, era a mesma que precipitava o renascer de uma nova casca vez após vez. Qual a razão de tal probidade? O caracol determinou parte da sua existência à busca da essência que envolvia e armava o arnês do seu âmago. Já não lhe bastava aceitar tal facto, mas lobrigar o motivo pelo qual acontecia tornou-se uma meta obstinada e ansiosa. Afinal o caracol rendia-se à pusilanimidade e era essa a verdadeira razão de tal probidade. O âmago não será afectado por isso e o caracol poderá encarar uma nova forma de lidar com a sua casca. Ainda não sabe qual e o facto de ser pusilânime, não lhe transmite a confiança necessária à indagação. Todavia, todavia o caracol – ainda envolto numa linda e forte casca – já sabe que o que diligencia buscar é uma chave. Resta apenas encontrar.
6 comentários:
passo a passo...
É isso mesmo lanterna.
Como diria Nietzsche:
"Torna-te aquilo que és."
Diz ao acanhado caracol que a beleza está em vestir uma casca nova todos os dias, se isso nos faz felizes... A confiança surge quando olhamos a nossa casca e nos revemos nela.
Beijo,
MG
Cara MG,
Por sorte encontrei o acanhado caracol a estas horas da noite, e pelo que pude apurar, ele sente-se muito satisfeito com as suas cascas.
Ainda mais quando encontra de quando em vez, caracolas que saibam caracolar bem a sua casca.:)))
Bj,
Nuno
Nuno, adorei tudo o que li e absorvi.
cp
Muito obrigado Cristina. Fico lisonjeado.
Nuno
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