ECO



Eco, uma ninfa lindíssima e fervorosa admiradora da sua própria prosa, a quem foi infligida uma punição por Hera, perdera a capacidade utilizar a sua voz, se não fosse para repetir tudo o que ouviria ser proferido por outros. Assim, a sua voz seria apenas e sempre dirigida aos demais que a ela se dirigissem e que obteriam como por espelho, o retorno singelo das suas palavras.
Um dia, enquanto passeava na floresta, Eco depara-se com um jovem belo de esplendor helénico que fechou nela as portas do tempo, levando-a a uma paixão súbita e arrebatadora. Seguiu-o, sorrateira, espreitou e contemplou e quando finalmente teve a coragem para abordá-lo, manifestou o seu amor da única forma que lhe era permitida: abraçou-o.
O jovem, habituado a semelhantes atitudes, repeliu-a com desdém deixando Eco totalmente ferida, iludida por uma Luz apenas reflectida e não real.
O amor de Eco não sucumbiu, mas consumiu-a de dentro para fora reduzindo o seu belo corpo a pele, até que ficou apenas a voz a repetir incansavelmente aos caminhantes tudo o que deles ouvia, nas pedras que um dia foram os seus ossos, e até mesmo o “Adeus” proferido como última palavra pelo belo jovem, quando se deitou e entregou os seus olhos à noite para serenamente a morte aproximar-se e levá-los.

História baseada nos contos da mitologia grega

19 comentários:

Unknown disse...

"words are very unnecessary, they can only do harm"


http://www.youtube.com/watch?v=dAN9sKlOZxE

:)))

Nuno Salvação disse...

Joana, muito bem aparecida :)

É... "Enjoy the silence".

Bjs,
Nuno

Anônimo disse...

Estás a enviar uma mensagem a alguem. Queres que alguem se cale? O adeus entre aspas é a mensagem?
Gosto do texto floreado á volta do mito de Eco e Narciso.

Cumps

Carlinha disse...

Nuno,

Transformaste uma história mitologica num conto com palavras bonitas...

beijinhos,
Carlinha

JF disse...

Esta é a história de uma loura exuberante e fútil cujos monólogos cansavam até à exaustão a paciência de quem estava por perto.
Uma vez alguém lhe recomendou que deixasse de inventar (já ninguém suportava tanta intrujice) caso contrário engordaria até se verem os pneus pelo pescoço. A lerda acreditou e, para não arriscar, passou a dizer apenas o que ouvia aos outros.
O resto do conto está por desvendar mas diz-se que…
Certa noite, já com uns copos em cima, agarrou-se a um pintas pensando que era o dono do Porche não reconhecendo tratar-se apenas o arrumador que, no momento, alinhava a guedelha ao espelho do valioso corcel (aqui à alguma ligação com o original grego). O namoro foi estranho, ele dava-lhe grandes tosas e ela ganhou o vício do cavalo.
Morreram ambos sequinhos. O que está por provar é que lhes tenham alguma vez feito uma estátua…

Momentos Anónimos disse...

Porque Mitologia Grega? Se é que posso perguntar....
cpalma

Nuno Salvação disse...

Caro "Anónimo"

Obrigado pelo comment, antes de mais.
De facto este post apenas alude a um conto da mitologia grega, sem mensagens subliminares, focando a ECO, ao invés do habitual Narciso.

Cumps,
Nuno

Nuno Salvação disse...

Carlinha...

Obrigado.

Bjs,
Nuno

Nuno Salvação disse...

Olá Cristina,

Porquê mitologia grega... sei lá. Deu-me para aqui. É uma área que gosto e como já reparaste, ando a afinar a orientação da minha prosa, como tal vou fazendo testes.
(Mas podes sempre perguntar tudo o que quiseres :))).

Bjs,
Nuno

Nuno Salvação disse...

João...

Tu tens um jeito especial de transformar histórias em momentos lúdicos, mas afinal é o que fazemos diariamente...

Foste quase 100% fiel à maioria dos autores, ainda que com palavras bem mais espirituosas...
Apenas 2 correcções: A ECO, segundo a maioria, era ruiva e não loura. E Narciso viu-se ao espelho na água e não num PORCHE!!

Enganas-te no tocante à estátua... Narcisos tens muitas estátuas andantes. ECO's é o que mais há por aí...

Só uma nota de rodapé (de apaziguamento...): de futuro tenta ser menos efusivo nas descrições mundanas. É que vais ferindo susceptibilidades por aí em colagens aleatórias quando a tua descrição não é suficientemente caracterizadora.

ahahahahah
::)))))))))))

Obrigado por andares por cá.
Um grande abraço,
Nuno

Unknown disse...

Isso agora foi muito útil que eu ando aqui faz tempo a tentar apaziguar os meus processos internos com o "cujos monólogos cansavam até à exaustão a paciência de quem estava por perto." e ainda por cima escrevi uma coisa (dizem que é poema kkkkkkkkkkkk) que se chama cronologia do eco. Eheheheheh E agora que estou em paz, vou monologar daqui para fora. Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Beijos :)))

Nuno Salvação disse...

Pronto, fico muito satisfeito que as coisas estejam apaziguadas...
Nada pior que 2 comentadores meus andarem à batatada por causa de monólogos e processos internos e afins...

Pronto façam lá as pazes... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


Beijos aos 2.
Nuno

Unknown disse...

O senhor desculpe-me mas está equivocado! Kkkkkkkkkkkkkk Eu só andei à batatada comigo própria e mais ninguém; foi porque pensei: -prontes, Joana, mais alguém que descobriu que és uma chata, moça, começa a disfarçar melhor, nunca mais aprendes a não aborrecer de morte o próximo?

Ahahahahah


Beijos :)))

Nuno Salvação disse...

Jo,

é deste que falas?

http://missjoanaswell.blogspot.com/2010/04/cronologia-do-eco.html

Bjs

Nuno Salvação disse...

Não acredito que disseste tamanhos disparates...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


Bjs

Momentos Anónimos disse...

"Mens agitat molem". "A mente move a matéria", frase da história de Eneida, de Virgílio

bjs
cpalma

Nuno Salvação disse...

Pois é Cristina. Essa frase é muito interessante por (pelo menos) 2 motivos:

1 - Da frase em Latim, Fernando Pessoa retirou a palavra "Mensagem" para o único livro em Português que publicou em vida. Não utilizou o título "Portugal" por considerar que estava "prostituído". Para Pessoa, a mensagem era a capacidade de agitar/movimentar diques ou massas (moles humanas, aludindo à química), através do pensamento ou da poesia - "cosa mentale".

2 - Na história de Eneida, Virgílio utiliza essa frase para explicar o sentido do universo, o princípio único de onde emanavam os seres. “(...) No princípio um sopro vivifica interiormente o céu, a terra, as líquidas planícies, o globo luminoso da lua e o astro de Titá, e o espírito, espalhado pelos
membros do mundo, move a massa inteira e se mistura com este grande corpo. Daí provém a
raça dos homens, a dos animais e a vida das aves (...)"


Bjs,
Nuno

Momentos Anónimos disse...

tm apanhei este sumário. Achei que a frase é adequada ao teu estado de espirito actual, uma mente que busca, que move.

bjs cpalma

Nuno Salvação disse...

Cristina.

A minha mente (espero eu) esta sempre em movimento e em busca de coisas novas. Gosto.

Bjs
Nuno