Fábulas - O Caminho das Pedras - A 1ª Pedra

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A menina-senhora, acompanhada do Ancião-Menino, inicia a travessia do riacho ainda com um objectivo vago do que irão encontrar do lado de lá do riacho. Inclusivamente do sítio onde estão, apenas vislumbram 5 pedras e a neblina não deixa os olhos caminharem mais para lá. Mas também não é necessário. Quer um, quer outro só têm que ver aquilo que precisam e o conhecimento que o Ancião-Menino tem, é suficiente para o início da travessia. Esta primeira pedra aparentemente não apresenta grandes provações, apenas servindo o propósito do conhecimento inicial. Aliás, a menina-senhora praticamente faz o primeiro salto sem dificuldade devido à proximidade, ao tamanho e à estabilidade da pedra. Uma vez que está muito perto da margem do lado de cá do riacho, volta frequentemente para continuar o trabalho que sempre fez, e da mesma forma. Uma das poucas diferenças é que agora o Ancião-Menino além de continuar o seu trabalho do lado de lá do riacho, também ajuda a senhora-menina numa acção que ao longo do tempo vai mostrando e ensinando mais formas de trabalhar para alargar o número de criaturas que - com eficácia - se curam.
Das laterais da larga pedra, saltam não-peixes que tentam derrubá-los, alguns deles caem na própria pedra e o Ancião-Menino devolve-os ao riacho. Alguns não-peixes até permanecem algum tempo na pedra tentando que a menina-senhora e o Ancião-Menino os levem, mas não é esse o caminho a percorrer, esses não-peixes devem ser tratados, curados e libertados.
Os dois em conjunto agarram numa criatura que pegam, tratam e devolvem à natureza com forças ganhas para cumprir o seu papel na floresta. Depois outra. Outra mais frágil e mais forte ao mesmo tempo que em conjunto guiam.
E assim, a menina-senhora vai criando o hábito de não duvidar, sequer espantar-se com as poucas mágicas que o Ancião-Menino ainda traz no treino e na memória, não obstante o choque da travessia inversa que fez do lado de lá do riacho.
Diariamente, quando o sol desaparece no ocidente, por entre as árvores da floresta do lado de cá do riacho, o Ancião-Menino volta a ser puxado abruptamente pela corda tipo elástico para o lado de lá para continuar o seu trabalho nocturno, num local onde só há Luz e apenas os trabalhos são escuros mas realizados com o prazer que caracteriza estes anciãos.

6 comentários:

MG disse...

Nuno,
Estou expectante e deliciada com estas fábulas, cujo desenvolvimento vou acompanhar com atenção.
A metáfora está presente desde a primeira letra... muito bom, muito enigmático, reflecte o seu autor.

Beijo,
MG

linhaboémia disse...

será esse o serviço do Ancião menino? gostei.

Nuno Salvação disse...

Olá MG. :))

Eu?! Enigmático...?!
Naaaaaã. :)))

Bjs

Nuno Salvação disse...

Lanterna...

Bem... na fábula é. No resto, quem sabe...

Obrigado,
Nuno

Anônimo disse...

É cada vez mais difícil esquecer que tem asas

nos círculos do peito, o Sol ainda a contornar

as formas aladas, Lilian vê-lhes as sombras

tem saudades mas não se pode lembrar.


M.

Nuno Salvação disse...

M.

À medida que a menina-senhora vai avançando nas pedras - ou Lilian na escada branca - as sombras ganharão forma...

Obrigado,
Nuno

(Já agora, eu agradeço porque não sei se se aplica "um abraço" ou "Bjs" :)))