Fábulas - O Caminho das Pedras - A 3ª Pedra

Futuro 1 mais uns bocadinhos


Após a visita do Rei na anterior pedra de caminho, e tendo este deliberadamente querido mostrar-se à menina-senhora, esta terá que passar a ser designada Senhora-Menina, por razões que eventualmente só depois da quinta, ou da sétima ou até da nona pedra, serão explanadas. Até lá, a própria Senhora-Menina estará mais ou menos embevecida com o caminho e nem tão pouco preocupar-se-à com a alteração da sua própria designação.
O salto da segunda para a terceira pedra fez-se de uma forma até mais suave que o anterior e os nossos dois protagonistas do mais idiomático caminho, por ainda terem algumas características terrenas enraizadas no seu Ser, estranham a facilidade.
O trabalho deles, ou a missão, ou qualquer outra coisa que lhe queiramos chamar, continua a ser feito cada vez mais encerrado na pedra do momento - que deixou agora de ser uma não-pedra e voltou a ser uma pedra - e cada vez menos na margem do lado de cá do riacho. No lado de cá do riacho - e finalmente entenderam isso - o trabalho efectuado é demasiado pontual e específico para os seres de quem falamos, qual desperdício de capacidades poderíamos enumerar. Para além de perceberem a incorrecção de, podendo fazer mais e melhor, assim permanecerem. A missão deles continua centrada nas criaturas pequeninas que apenas olham e nada dizem e pouco ouvem.
Para essas criaturas, aquilo que vêem na Senhora-Menina é a personificação mal comparada de um anjo, uma vez que de facto já não se trata de uma banal criatura terrena.
Já existem mágicas, já se formulam encantamentos, e já se produz trabalho muito além da compreensão mundana. E é precisamente no âmbito desse trabalho, na passagem ao pleno de uma das criaturas pequeninas, que a ingratidão tão marcadamente  característica de almas que pensam sem pensar, como a de uma criatura que mantinha laços com a pequenina que foi ajudada a efectuar a sua passagem, que a alma do Ancião-Menino é dilacerada através do seu corpo obrigando-os a reorganizarem-se quanto aos métodos praticados.
Não fará sentido aqui e agora explorar a situação do Ancião-Menino. Talvez mais tarde, talvez num sub-capítulo desta caminhada. A terceira pedra é da Senhora-Menina, é nela que se dá a sua passagem e interiorização de um Ser diferente, de uma Gnose libertada, de um degrau, de anjos brancos, de elementos para além dos quatro, mas sobretudo, dos restantes sentidos para além dos cinco.

2 comentários:

Anônimo disse...

É cada vez mais difícil não libertar a palma da mão

quando encontra o gesto que se ouve

na memória, os dedos ainda a ensaiar o coração

para o cinco, o sete, talvez o nove.

M.

Nuno Salvação disse...

M. :))

A memória das asas na regressão
Gestos e palavras nítidas no coração
O cinco, o sete ou o nove como meta

Lançar a escada branca para subir
A certeza de termos que ir
Porque assim escreveu o poeta

Obrigado M.
Nuno