Júlia, após toda uma vida de interregno, em contagem
emocional passada, regressa. Regressa para os braços dos amantes com o
seu carisma e o manto ainda mais amolgado pelos anos de amor alugado, e
desta feita, pelo conforto do Amor exclusivo que lhe fora dado nos
últimos anos.
Procura saber cerrar os panos que lhe caem dos
olhos que escondem as emoções, bloqueia os sentidos e regressa com medo
no coração, de perder aquilo que já conseguiu.
O quarto do
vazio já não é o mesmo, os panos que caem do tecto são agora novamente
opacos não deixando ver o outro lado da janela porta do mundo, e a
alcatifa prepara-se para ficar cheia de marcas de sapatos desconhecidos,
incómodos, desconfortáveis.
As paredes estão pintadas de negro
e os fantasmas circundam a cama querendo absorver todo o espírito de
Júlia através dos drenos trazidos pelos clientes.
"Júlia fecha os olhos a fugir do
toque que invade o seu corpo e obriga-a a sorrir com paixão fingida a quem crê
que o dinheiro aluga mais que um simples invólucro de Ser Humano."
Enquanto
Júlia apenas fizer acreditar que preenche esse hiato de brincadeira
azul nos homens, enquanto lhes mostrar aquilo que querem ver longe do
teatro de sensações que ali representa... continuará a haver terra no
chão de sua casa.
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