CAUSALIDADE VERSUS INDETERMINISMO

De uma forma quase abrupta encontramos todo o tipo de surpresas pela vida fora. Foram as escolhas que fizemos ontem, no ano passado, na nossa infância, que determinaram o percurso que pautamos diariamente. Se cumprimentei alguém fora da rotina comum, se ajudei alguém a atravessar a rua, se telefonei para alguém quase inadvertidamente sem conhecer a pessoa e a horas eventualmente impróprias.
Todas essas acções influenciarão se hoje e amanhã conheço este alguém, ou se faço determinada coisa.
Cada pequena acção, por aparentemente irrelevante que seja, contribui para a escrita do processo histórico da nossa existência. Podemos por vezes não ter a certeza dos porquês, das razões pelas quais a vida nos colocou de frente a determinada situação, mas podemos estar seguros que por alguma razão foi, que por acção nossa foi desencadeada e algum motivo futuro certamente desmistificar-se-à à nossa consciência.
Desde Aristóteles que se fala da teoria da Causalidade, e é disto precisamente que falo aqui. Naturalmente não estarei a referir a Causalidade linear onde a causa produz um efeito directo e concreto. Mas da Emergência, onde um conjunto de interacções simples na vida produz um padrão complexo e longo de Causalidade, determinando o desenrolar de uma série de acontecimentos futuros, permanentes ou não.
Naturalmente este conceito ou filosofia determina a aceitação do livre-arbítrio a par da responsabilidade moral, onde as escolhas são efectivamente feitas por nós à luz da nossa consciência, moral e filosofia. Desta forma ficam de fora os acasos, os indeterminismos e afins. E desta forma igualmente resulta que o percurso de vida de cada indivíduo, bem como a sua interacção social e humana, é e será traçado em função das escolhas feitas por cada um.

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