O Rapto 2

Numa manhã que prometia ser como qualquer outra, mergulhei num turbilhão de terror e medo. O dia que se afigurava tranquilo, subitamente, tornou-se um pesadelo do qual eu queria acordar, mas a realidade impiedosa não permitia.

Fui arrebatado e lançado para dentro de uma carrinha sinistra, onde a atmosfera era sufocante e o ar carregado de angústia. As paredes pareciam fechar-se sobre mim, e eu me sentia cada vez mais preso e indefeso.

Forçaram-me a despir a roupa, como se quisessem expor minha fragilidade e tirar a última réstia de dignidade que me restava. A cada peça de roupa que me arrancavam, sentia-me mais vulnerável e à mercê dos caprichos daqueles seres implacáveis.

Começaram então a realizar procedimentos macabros, conectando o meu corpo a fios sinistros, como se quisessem extrair a minha energia vital. O meu coração batia descompassado, e eu só conseguia pensar na terrível situação em que me encontrava.

Cruelmente, perfuraram um dos meus dedos, fazendo o sangue jorrar como se estivessem a marcar-me para sempre. O medo e a incerteza consumiam-me, e eu me perguntava que horrores ainda estariam por vir.

Era como se quisessem penetrar nos confins da minha alma, explorando o meu corpo com um estetoscópio gélido e impiedoso. Uma médica e um técnico, com olhares sádicos e imperturbáveis, analisavam meticulosamente cada detalhe, prolongando o meu tormento.

Quando o pavor já se tornava insuportável, a verdade veio à tona e, para minha surpresa e alívio, descobri que toda aquela experiência aterradora tinha sido, na realidade, uma rotina de medicina no trabalho. Tinham realizado um electrocardiograma, medido a minha glicemia e auscultado os pulmões e o coração. No fim, apesar do horror que senti, era apenas um conjunto de exames a que todos estão sujeitos, e a minha mente havia criado um cenário hediondo, transformando a realidade numa visão distorcida do que realmente se passava.

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